sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Desapego

Sou artista sem arte. Escrevo e não leio. Componho músicas e não canto.
Músico sem musa. Museu de ideias. Desesperado cheio de esperança.

Já venho há muito tempo tentando descobrir a essência do perfume, a alma do negócio.
Já fui a lugares, já conheci pessoas que nem lembro se conheci mesmo. Já rezei e já mandei ao inferno. Mas sempre que penso, sempre que imagino um caminho, só as placas que têm escrito “RETORNO” me deixam acordado. As de contra-mão não me incomodam mais, porque já não sei mais a direção. Só de madrugada a cabeça esfria suficiente pra eu pensar, se for de dia o sol só ajuda a queimar. Virei um pensador-vampiresco que odeia sangue, mas aceita um gole se não houver gorjetas a pagar. Só mais um kamikaze incapaz de ir à luta. Depressivo? Tente confuso, ou talvez debilitado intelectualmente, talvez acerte.

Continuo por aí cantando a mesma canção, usando a mesma velha roupa colorida, ouvindo a mesma frequência no rádio, descendo a mesma rua de sempre e de antes do sempre. Pode parecer ridículo, mas eu achava que não ter uma rotina seria agradável, mas isso me levou a um paradoxo irritante. Minha rotina é não ter rotina, tudo muda, nada tem acerto nem erro, não há substância nem base. Só há o ar que separa a sala de estar do mundo que se diz verde mas pra mim é de concreto e vidro, blindado, mas continua sendo vidro. Eu to transparente feito vidro, e fundível feito estanho. A química da minha vida anda nociva ao espírito de liberdade.

Me disseram pra não ser materialista e se importar mais com as coisas únicas. Me desapeguei da matéria e dos átomos, virei uma anti-matéria-sentimental.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Variação sobre um mesmo tema

Amar, mudar, pensar, sentir, absorver, refletir, aproveitar, viver, morrer e recomeçar.

Poderia ter sido simples assim, mas não foi.

Talvez um lampejo de lucidez no passado tenha mudado isso, ou simplesmente eu fui “vítima” do efeito borboleta. Mas quem seria vítima se tudo o que temos é simplesmente o que atraímos. Nem sempre a gente deseja ter, mas é muito fácil trair os desejos da alma.


Cinco... Quatro... Três, dois ,um! Eu tenho pressa e nada me interessa . Chega de planejar a conquista, é preciso primeiro conquistar o desejo, não o desejado. Queira desejar, não ponha fim em tudo que você não começou.

Não tô interessado em nenhuma teoria, eu quero tinta pro meu rosto, tinta pra pintar onde der e quando puder, eu aposto em mim dessa vez. Não sou onipotente, ou talvez seja, só vai dar pra saber quando acabar. A aposta tá feita, ta valendo tudo, quem perder sai liso.


Te prepara, porque eu vou até o fim. Já disse que não temo, não tenho medo, não mais, não mais de ti. Agora pra mim, você é só aquilo que deveria ser... um espelho. Não vai haver variáveis pra você se esconder de mim.

Não haverá tempo que irá curar tua ferida, nem espaço pra alucinação.

E fim de papo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cafeína

To enganando a quem sonhando com o amanhã sem perceber o que acontece agora? Uma cortina de aço envolve o meio da vida real, esconde as intenções ao redor.
Não me livro dos pesares, não leio livros pra cabeça não pesar, é mais fácil ignorar. Santa ignorância. Santa ignição, colocando fogo aonde era pra ser frio. Desequilíbrio. Loucura? É ponto de vista. Tudo mundo é louco pra quem carrega a cegueira antes de abrir os olhos. Só enxerga as coisas como elas realmente são quem não enxerga somente a superfície, mas quem entende os pigmentos da cor.
Cafeína! O café já não me deixa mais ligado, mas me da esperança de acordar. Não gosto dele frio porque já sei o final. É como saber quem é o assassino do filme, e quem vai morrer nele, e ainda assim, continuar assistindo. Desespero agradável. Vida fácil.
Fácil pra quem tem um vício só, e não se preocupa com as variáveis.

Preocupação demais pra um só coração. Cafeína demais pra um cidadão, só.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O nosso amor a gente inventa... ou espera inventarem.

O dia já esfriou, esse vento gelado me irrita até o profundo da pele.

Tédio pra mim, êxtase pros desinterassados em se interessar intensamente por algo.

À primeira vista, a impressão é de que estão dopados. Assim como eu...

Qual o sentido em sentir as coisas se não houver um “Interesse Natural”?

Como viver intensamente as coisas quando na verdade, tudo isso parece um saco?

Viver esses sentimentos talvez seja se iludir de uma certa maneira, e eu quero justamente a desilusão na sua melhor e mais bela forma.

Dá pra ficar assim, esperando o sentimento chegar, como quem espera um amor ideal aprecer na frente vindo dos céus? Ou dá pra forçar?

“Aprenda a gostar”.

O nosso amor a gente inventa, pra se destrair.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Passageiro

A cada esforço, chego um pouco mais perto. Cada metro a frente, vai ser deixado para trás. Eu caminho. Eu corro, até sentado com os olhos fechados, dentro da mente, que diz a verdade, mas as vezes se engana, e aí... mente.

Sou caroneiro, vou pra qualquer lugar daqui, dali... viajo a todas as partes, mas enquanto não posso voar, imagino o meu limite. No caminho vou conhecendo tudo, pessoas, plantas, bichos, barulhos e canções.

Pra onde quer que o vento me leve, eu sei que haverá sempre algo pra ver,pra ouvir, pra sentir, ou até para não sentir nada além do tempo, pra pensar em outro lugar melhor, ou pior.

Sou um passageiro, aquele que está por aí de passagem, pra curtir a vista, de cima, de baixo, de lado, de ponta-cabeça, vendo o mundo improvisar paisagens como se improvisa um jazz.

Quando a música, e a viagem acabarem, eu sei que vai ser triste, mas prefiro não pensar nisso agora... Agora, só me resta ouvir e viajar.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pensando em simplicidade

Eu estou perdido no meio de tudo isso que eu já vi, mas não pude sentir, por falta de amor pelas coisas. Comprando os mais vendidos, repetindo vidas passadas, enlouquecendo-me entre auto-análises e cálculos kármicos. -“Você tem que acreditar no que já é certo.”- Foi o que me disseram hoje. Grande frase para uma pessoa de “FÉ” não? Não. Nem mesmo eu comprei essa idéia.

Antes disso, pensava enquanto cantarolava no ar, como faria eu, pra me tornar um Maluco Beleza, maluco por tudo que há no mundo e que ainda irá existir. Não cheguei a conclusão nenhuma, nem solução, e nem esperançoso eu fiquei tampouco. Mas também não fiquei triste por isso.

Acho que na verdade eu não amo ninguém, mas queria ser os amores que os outros têm por eles próprios. Sinto-me sozinho dentro da minha jaula, mas não me sinto triste, somente insatisfeito. Será que vale mais a pena se satisfazer? Ou buscar a felicidade? Quando nos sentimos satisfeitos estamos felizes assim? Eu não sei não. Isso me sugere muita sujeira.

Enfim. Acho que para achar a felicidade, primeiro é preciso se perder na tristeza. Cazuza disse uma frase interessante em uma música: “De que adianta escrever poesia em papel higiênico, e depois, se limpar com as tristezas de sempre?”. Acho melhor escrever pra libertar o sentimento, e exorcizar as más vibrações.

Sejamos mais simples! Completos e imperfeitos, trabalhadores e ainda assim bon-vivant. Amar por amar, sem tentar encontrar a perfeição nas pessoas. Somos o que somos, sem mentiras para nós. Eu sou o que sou, e em qualquer um você pode me ver.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Na Boca do Lobo

Momentos de melancolia vem e vão com uma trilha sonora que combina,
e eu nem tenho pra quem ligar
.
Tudo parece meio sujo.
Apesar de tantas luzes, tudo parece meio escuro.
Eu me embaralho no horizonte vil da cidade.

Mais vinte minutos pensando nisso.

Mais outro cigarro pra cabeça, porque o pulmão da esquerda já parece ter uma mancha, segundo o jeito que eu venho respirando.
Indício de chuva.
Indico alguém pra porem a culpa.
Melhor eu correr, mas, disseram que tanto faz. Você vai se molhar por igual.

Duas... Três da manhã já.
Outra mulher nua na televisão de um bar. Nem valia a pena sonhar. Uma pena.
Vamos indo, agora que o aguaceiro passou e virou uma garoa fina.

Outro "out-door" ao chão. Não tinha nada de bom pra mim ali mesmo.
Falta pouco pra chegar.
A banca de jornais já abriu. Mas quem quer ler um jornal de ontem com notícias de ante-ontem? Ainda bem que esse que leio agora é de hoje, mas as notícias continuam no pretérito.
Quero ler um diário popular onde todo mundo possa falar, sem medo de ver as coisas mais de perto. Sem medo.

Chegamos finalmente, quem diria.
Estou em casa, mas isso aqui não parece meu lar.
Cadê minhas coisas, meus vícios, os meus diretores?
Onde estão meus os meus sonhos? Cadê aquilo que chamava... personalidade?
Onde foi parar oque eu sou?

Achei que tinha escapado da boca do lobo, mas agora me vejo preso entre os dentes.